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Por Joao Paulo Brasil • Real Seguro Viagem em 18/08/23 às 15:27.

Turismo de Base Comunitária - Entenda a importância!

O mundo do turismo é repleto de segmentos que têm como objetivo proporcionar as melhores experiências positivas para as mais variadas pessoas.

Uma das principais missões deste ramo é criar memórias, aproximar as pessoas e apresentar culturas a elas que, sem o turismo, não seria possível. 

Toda vez que viajamos, seja qual for o destino (nacional ou internacional), somos apresentados a uma nova forma de viver, a novos costumes, a uma nova culinária, a uma outra cultura.

O mais interessante disso é que estamos falando de uma troca: ao mesmo tempo em que aprendemos, ensinamos.

Toda troca cultural é importante, mas, como nosso assunto é turismo, vamos manter o foco neste contexto. 

Com essa introdução em mente, podemos ter certeza de que há a necessidade de termos um nicho dentro do turismo que seja capaz de utilizar do turismo para manter e disseminar a cultura de locais poucos conhecidos e que tenham a cultura única, totalmente única. 

Conheça o Turismo de Base Comunitária

Um exemplo claro deste tipo de turismo são as visitas a tribos indígenas! (Fonte: Pexels)


Conhecido popularmente como TCB, essa espécie de turismo surgiu a partir da necessidade de promover o turismo em territórios culturais, de modo a disseminar a arte e cultura para outras populações ao mesmo tempo em que usa dos recursos providos do turismo para manter-se.

Não apenas isso, a missão do TBC vai muito além. Estamos falando de um movimento que busca celebrar conquistas enquanto enfrenta sérios conflitos referentes aos modelos de gestão e quais os impactos que o mercado do turismo promove neste cenário. 

O Turismo de Base Comunitária usa como base o próprio destino, seu povo e seu modo de viver para atrair turistas e ensiná-los costumes locais.

Como dissemos, além de promover a diversidade, também é uma forma do próprio local manter-se monetariamente. Dessa forma, o turismo se torna um aliado para preservar culturas locais.

O fato é que este tipo de turismo atrai muitos viajantes por proporcionar experiências e aprendizados únicos que dificilmente são encontradas em outros lugares, principalmente em relação à natureza e ao contato com outros povos.

Cada vez mais estamos presenciando o aumento do TBC, que está atingindo uma posição consolidada neste ramo por atrair e promover a reflexão a respeito do apoio existente (ou da falta dele) aos modos de vida pouco conhecidos, bem como da preservação e importância da natureza. 

Em uma breve conclusão, o Turismo de Base Comunitária trata-se de um conceito utilizado para reconhecer essas organizações do turismo, onde predominam vivências sociais, linguísticas, ambientais, entre outras, que devem ser apoiadas e garantidas.

Além disso, temos que ressaltar a importância de preservar esse turismo, ou seja, de o entendermos como resistência contra as pressões existentes sobre esses territórios culturais e, acima de tudo, defendê-los.

Estamos falando de um turismo convidativo, que parte da organização dos próprios povos nativos do local que veem sua forma de viver como um forma de valorizar o patrimônio socioambiental desses.

Desafios presentes 

Uma parte que não podemos deixar de lado quando falamos de Turismo de Base Comunitária é sobre os desafios que esse nicho enfrenta diariamente.

Da mesma forma com que ele evidenciou a cultura local, ele também colocou em cheque os problemas que povos mais afastados enfrentam, principalmente em relação à pressão territorialista que eles sofrem.

Nos primeiros anos em que surgiu, esse turismo de fato foi eficaz (e de forma espontânea) na proposta de atrair turistas e apresentar a eles uma nova forma de se conectarem socialmente.

No entanto, com o passar do tempo, os conflitos foram aumentando a ponto de colocar à prova a realidade dos povos subjugados através da espetacularização cultural dos mesmos.

Quando dizemos sobre a espetacularização da cultura local desses povos, estamos falando sobre um conflito direto entre os valores do mercado e a preservação do modo de viver e trabalhar definidos por tal comunidade.

O mercado do turismo não deve se apossar do TCB, mas sim motivar a visita consciente a estes lugares. 

Como dito pela geógrafa e professora chefe do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP)l Sueli Angelo Furlan em seu artigo TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA | Reflexões sobre caminhos e desafios: 

“O TBC nasceu como alternativa ao desenvolvimento local sustentável das comunidades e à emancipação social, melhorando as condições de vida, mas também introduziu, em alguns casos, o consumo e também a narrativa única e estática da cultura. Almejou proporcionar às comunidades uma segunda fonte de renda e o protagonismo econômico local.”

Outro desafio presente e importante diz respeito ao problema que a saída de instituições que auxiliam na organização do turismo nessas comunidades geram nas mesmas. Isso ocorre por diversos motivos, sempre envolvendo perdas e ganhos para ambas as partes. 

A exibição exagerada da cultura e a comercialização da natureza aparentemente têm o efeito de incentivar a adoção de práticas inapropriadas e prejudiciais à conservação da biodiversidade local, por um lado.

Por outro, segue-se persistindo na invisibilização da amplitude da diversidade cultural do ambiente circundante, bem como na negligência em relação aos modos de existir, viver e trabalhar das populações.

Conclusão

Podemos dizer que uma das principais missões do Turismo de Base Comunitária é legitimar as lutas e conquistas dos povos tradicionais que, ao mesmo tempo que resistem, incentivam a disseminação de sua cultura. Por fim, parafraseando a professora Sueli: 

“O TBC se configurava como uma resistência com permanência nos territórios e não uma adaptação às demandas muito semelhantes de outros segmentos do turismo, com padronizações, espetacularização da cultura e mesmo perda de saberes e práticas ancestrais.”

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Até a próxima!